Francisco Carlos
Francisco Carlos

Nesses 47 anos de idade, ele já foi jogador de futsal profissional, lutador de 6 estilos de luta marcial e descobriu na corrida a sua paixão. Há 20 anos, fundou a Associação Esportiva e Cultural Kauê (A.E.C. Kauê), uma entidade que coordena 11 projetos em Itaquera e que atende de 50 a 80 crianças por mês.

Que tipo de filhos você está criando para o mundo ou que tipo de mundo você está deixando para os seus filhos?

Francisco Carlos veio de uma família humilde, passou por inúmeras dificuldades e viu no esporte a oportunidade de mudar de vida. Nascido na periferia, a única coisa que possuía era sonhos. E foi pelo esporte que ele os realizou, transformando não só a vida dele, mas a de sua família também. Para retribuir tudo o que essa atividade proporcionou a ele, Fran, como é conhecido, criou a Associação Esportiva e Cultural Kauê em 3 de abril de 1998.

Nesses 20 anos, Francisco compartilhou momentos emocionantes com muitos jovens da periferia de Itaquera e de outros bairros próximos.

Em um desses momentos, depois de conversar com uma criança, ele decidiu plantar mais uma semente no coração dos atendidos, reproduzindo em uma rua da periferia uma pista de atletismo para dar de presente àquelas crianças. Para isso, foram necessários 180 litros de tinta vermelha, 18 litros de tinta branca, 24 horas e alguns amigos que o ajudaram a pintar 5 raias de 200 m de extensão.

Com os projetos da A.E.C. Kauê, Fran procura oferecer aos jovens a oportunidade de transformarem a vida deles. Há pessoas que chegaram ao projeto sem perspectiva alguma, com pai preso e outros familiares envolvidos em problemas com a justiça, e que hoje, anos depois, tornaram-se pais de família, vivem do esporte e fazem parte da seleta turma de elite que compõe a São Silvestre. Graças à associação e ao esporte, eles conseguiram mudar de vida.

Ao ver casos como esses darem certo, os sonhos de Francisco só aumentam. Um deles é poder ver no pódio de megaeventos, como uma Olimpíada ou uma competição mundial superimportante, jovens corredores que nasceram no Correndo Para o Futuro, um dos projetos da associação. Só que para isso se tornar realidade, há grandes desafios a serem enfrentados. A falta de incentivo dos pais, que muitas vezes não acreditam no potencial dos filhos, e a necessidade de se criar oportunidades para esses jovens são apenas alguns deles.

Além disso, ele também quer formar cidadãos, não apenas atletas profissionais. Por isso, outro grande desafio é conseguir fazer com que cada cidadão que passe pelo projeto Correndo Para o Futuro se torne uma pessoa muito melhor, comprometida com os valores esquecidos nesta sociedade, em que o certo virou errado e o errado virou certo.

Mesmo depois de tudo que viveu, de todas as dificuldades que teve que vivenciar, Francisco Carlos, ou apenas Fran, não desistiu e lutou muito. Ele não queria mudar apenas a realidade dele, queria transformar o entorno e a vida de outras pessoas. Foi o que fez, é o que vem fazendo e é o que o torna uma mente tão diferente.