Negra e mãe de duas meninas, ela decidiu criar um blog que aborda a maternidade sob o ponto de vista de mães negras. Assim nasceu o “A Mãe Preta” que vem crescendo cada dia mais.
“É de pouquinho em pouquinho que a gente vai construindo o mundo melhor, o mundo que a gente acredita.”
Luciana Bento cansou de procurar na internet um lugar para compartilhar experiências como mãe de duas meninas negras e de ir a fóruns tentar em vão discutir sobre o racismo na maternidade, pois esse parecia não ser um assunto que interessava a muitos. Por isso, decidiu criar ela mesma esse espaço de trocas, de conversas e de debates sobre a maternidade e a negritude. Foi aí que em 2014 criou o “A Mãe Preta”, um blog em que escrevia sobre como ela vinha lidando com o preconceito, trabalhando a autoestima nas filhas e enfrentando o racismo na infância.
Como ama literatura e precisava estimular a autoestima das crianças negras, a Luciana resolveu unir o útil ao agradável e selecionou 100 livros infantis que abordam meninas negras de uma forma positiva, falando sobre cabelo, descriminação racial e africanidade. Entre esses livros, há os que tratam do racismo diretamente e outros que retratam crianças negras sendo apenas crianças. O projeto fez tanto sucesso que tomou uma proporção maior do que ela poderia imaginar. Por conta dele, ela passou a dar palestras e oficinas de literatura voltada a essa questão. Hoje, o trabalho da Luciana é participar de eventos de mediação de leitura e, a partir daí, trabalhar a autoestima dessas crianças e a diversidade nos espaços.
Além desse projeto, ela também realiza encontros presenciais com as mães negras nos quais todas compartilham os medos, dramas e as situações que acontecem com elas. Há muito o que se falar e dividir nessas reuniões.
A negra tem uma imagem de mulher forte e parece que precisa ser assim o tempo todo, sem poder ser vulnerável uma única vez. Esses encontros se tornaram importantes para isso, pois são neles que essas mães podem ser frágeis e compartilhar suas angústias.
E é aí que está o grande desafio: arrumar um local físico, onde elas consigam se reunir com mais frequência para terem o acolhimento tão necessário e poderem fomentar o debate sobre maternidade, negritude e racismo na infância. Conseguir esse espaço para atender não só às mães negras, mas também às brancas que adotam crianças negras e não sabem como trabalhar a questão racial, é o grande sonho dela.
Luciana luta com todas as forças contra o racismo tanto na gravidez quanto na infância. Ela quer um mundo melhor para suas filhas e outras crianças negras do Brasil. Para isso, está enfrentando todos os desafios e combatendo o preconceito. A força que essa mulher tem para continuar lutando a torna uma mãe brilhante e uma mente diferente.