Simone Berti
Simone Berti

Fundadora do Instituto Chefs Especiais, ela só queria agradecer a vida que tinha: o emprego, a saúde, a família, o lugar para morar. Por isso, em 2006 decidiu ajudar os portadores da Síndrome de Down.

A gente está acostumado a ouvir da imprensa só as coisas ruins, mas se a gente for pesar, tem muito mais gente bacana e muito mais gente boa no mundo do que o contrário.

Com 12 anos de existência, o Instituto Chefs Especiais atende 300 alunos por ano e tem como principal objetivo conquistar a autonomia deles para que não se sintam tão dependentes de outras pessoas quando os seus pais falecerem. Para isso, o instituto oferece cursos de gastronomia com todos os termos técnicos. Assim, eles também ficam aptos e preparados para o mercado de trabalho.

Além disso, com as aulas dadas no instituto, essas pessoas veem que são capazes de fazer algo e que têm talentos como qualquer um. Isso eleva a autoestima deles e ajuda a evitar a depressão tão comum entre eles que, inclusive, é a causa de muitas mortes.

Nessa caminhada, muitos chefs especiais fizeram e fazem história por lá. Alguns emocionam, outros alegram, mas todos são, de alguma forma, a motivação da Simone para continuar na luta mesmo com os desafios do dia a dia. A Natália é uma dessas pessoas. Quando chegou ao instituto, tinha cerca de uns 8 anos de idade e, além da Síndrome de Down, estava com leucemia.

Os médicos não deram esperança: ela não tinha tanto tempo de vida. Pensando nisso, começou a frequentar todos os cursos do Chefs Especiais até que um belo dia, em uma consulta, a médica perguntou à mãe o que Natália estava fazendo de diferente, pois, com a autoestima mais elevada, o corpo começou a reagir. Eram as aulas de gastronomia. Hoje, Natalia superou a doença, tem 19 anos e voltou a frequentar a escola.

São exemplos como esse que dão e já deram forças a Simone para enfrentar as dificuldades praticamente sozinha. Hoje, com outras pessoas dividindo as responsabilidades com ela e ajudando a correr atrás do que é mais urgente, Simone tem tempo para pensar em desafios maiores e sonhar mais alto. Agora, o principal desafio é montar um book de replicação, uma forma mais didática para repassar a outros lugares e outras pessoas a metodologia usada no instituto. Tudo para realizar o maior sonho dela: ampliar o Chefs Especiais e ver as pessoas com Síndrome de Down no mundo inteiro tendo a mesma oportunidade que possuem no instituto em São Paulo.

Simone só precisava de uma forma para agradecer tudo o que tinha na vida e acabou encontrando um jeito de ajudar e transformar vidas. É isso que faz dela uma mente diferente.