Alberto Silva
Alberto Silva

Gerente e fundador do Centro de Acolhida a Mulheres Trans Florescer, ele é um ser humano que olha para quem está escondido e ouve quem quase não tem voz na sociedade. Por isso, abriu uma casa para acolher mulheres trans e travestis.

Você lida com um sentimento mais nobre, que é o amor, de você trazer o bem ao outro através do olhar humano que transcende da sua alma e do seu espírito.

No primeiro dia do mês de março de 2016, nasceu um lar para mulheres trans e travestis em situação de vulnerabilidade social, a quem foram e ainda são negados direitos básicos, como o de trabalho, saúde, educação e, principalmente, de ser quem são. Muitas dessas meninas saem de casa muito cedo por não receberem o apoio que deveriam e com 8, 12 anos já estão na prostituição, pois não viram outra saída. O Centro de Acolhida a Mulheres Trans e Travestis Florescer surgiu justamente para mostrar a elas que sim, existem outras possibilidades, que elas não estão sozinhas nessa luta, que a rua não é a saída e que elas podem ter acesso a tudo que os outros têm.

O atendimento da casa ocorre em 4 etapas: documentação, pois é bem comum o documento se perder nas ruas, na prostituição; saúde, uma vez que muitas delas não sabem o que é uma DST e muito menos a importância de um preservativo em uma relação sexual; educação que foi negada a elas desde a infância; e capacitação profissional com o objetivo de inseri-las no mercado de trabalho e na sociedade.

Até o momento, a casa já atendeu cerca de 137 mulheres. Dessas, quase 31% já conseguiram dar um rumo diferente às suas vidas, conseguiram trabalho, estudos e voltaram para suas casas. Outras estão no caminho e lutando para sobreviver, como é o caso de Amanda que somente com 28 anos teve a oportunidade de estudar, de ir à escola para aprender a ler e a escrever. Ou o caso da Sabrina, que ficou 12 meses na casa e, após o atendimento, conseguiu um emprego no HC. Hoje ela também é uma das cuidadoras do Florescer.

Alberto e sua equipe de 17 pessoas têm uma missão linda pela frente. E como todas elas, o desafio a ser enfrentado é bem grande. O maior deles é lidar com essa realidade dura e cruel de números tão assustadores, como o de 427 crimes de LGBTfobia. Desse desafio, vem o sonho de ter uma sociedade mais igualitária, na qual as pessoas olhem o outro na sua essência, com um olhar mais humano. E esse sonho não é só do Alberto como trabalhador social, mas do cidadão Alberto Silva.

É preciso coragem e garra para lidar com pessoas em situação de vulnerabilidade social e lutar por elas, para que elas tenham uma vida melhor no futuro. Muito mais que isso, Alberto Silva acredita no potencial dessas mulheres e dá a elas um motivo para lutar, para viver. É isso o que mais o torna uma mente muito diferente.